Bolseiros do INAGBE estão a mendigar na África do Sul
Embaixada angolana diz que não pode ajudar e os alunos estão sem dinheiro e sem lugar para ficar.
Estudantes angolanos na África do Sul denunciam que se vêem obrigados a mendigar porque não recebem os subsídios de bolsas de estudo a que têm direito. Há mais de um ano que o Instituto Nacional de Gestão de Bolsas de Estudo (INAGBE) não cumpre com os pagamentos.
Pelo menos 20 estudantes que estavam a formar-se no Midrand Graduate Institute, na província de Gauteng, foram expulsos a 4 de Julho por causa das dívidas acumuladas. Alguns terão já regressado ao país.
Em declarações ao Rede Angola, um dos estudantes angolanos, que pediu para não ser identificado, disse que dos 20, oito estão neste momento a depender de quem os ajude.
O jovem que está a frequentar o terceiro ano do curso de Ciências da Computação alega terem solicitado ajuda à embaixada de Angola na África do Sul e esta os aconselhou a regressar ao país, porque a representação diplomática não tem condições para sustentar os formandos.
“Nos expulsaram da escola no dia 4 de Julho. Fomos pedir abrigo à embaixada, e só ficamos lá dois dias porque disseram que não a embaixada não tem condições para custear a nossa estadia. Disseram também que compraram bilhetes de passagens para voltarmos”, conta.
Tanto o nosso interlocutor como os outros recusaram. “Queremos concluir os nossos estudos aqui (…) muitos de nós temos projectos e provas para fazer. Mas eles disseram se quisermos ficar, deve ser por nossa conta”, explicou.
Neste momento os alunos não sabem onde vão passar a noite. O amigo de nacionalidade gabonesa que os acolheu, estudante numa outra universidade, vai regressar ao Gabão.
“Foi assim que solicitamos ajudas nas ruas, ou aos outros colegas. Conseguimos ajuda de um colega gabonês, que nos abrigou em sua casa. Ele volta hoje para o Gabão e neste momento já estamos com as nossas coisas fora sem saber para onde ir”, desabafou o estudante.
O estudante, em conversa por telefone com o AP, explicou que a única razão pela qual só agora foram expulsos do Midrand Graduate Institute se deveu à generosidade da instituição, bastante tolerante em relação aos valores em dívida.
“A escola nos providenciou alojamento e nos deixava assistir às aulas. Quanto ao complemento de bolsas, fazíamos esforços para partilhar com os colegas o pouco que cada família mandava. Os pais não conseguem enviar dinheiro por causa dos problemas das divisas aí em Angola e os nossos cartões Visa foram todos cancelados”, adiantoou.
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